Isabela Rodrigues

intrínseco

uma arara azul que pousou no alto do prédio
aquele prédio
que vislumbrava meus olhares e pensamentos dilacerantes
era o espelho da reflexão de minha alma
que desejava voar e se imaginava ali
no alto
ou as confissões daquela tarde
sentados em uma mesa a dois
duas almas que de tão semelhantes se encontraram
gêmeas
irmãs
delineadas em amizade
me perdi no caminho pois me avancei
emoção que escapou
e ao mesmo tempo inundou o meu ser
reconheço meus pecados
precipício
dia que clareia e esperança que se renova
pois há chance de ressignificar
faço
e me refaço
e viajo
no tempo e nas lembranças
nas luzes da cidade
que não acendem enquanto ainda é sol
esse não é um poema sobre o passado
o passado nada mais é que
passado
passageiro
memória
me inunda
feliz, agora.