Ah se você soubesse...
Que mergulhava em seus cachos castanhos,
E entre as batidas do relógio fazia uma prece,
Pra qualquer entidade não nos tornar estranhos.
Você nunca saberia que jurava em segredo
O quanto recorria a constelação dos seus olhos...
Sopro de vida, sem um resquício de medo,
Inspirando a lua nas suas fases e modos.
Você também nunca saberia
Que quando o seu cabelo caía no rosto,
E no escuro de seus olhos vivia a luz do dia...
O fôlego evaporava e a alma chorava sem desgosto.
Porque, querido, você talvez não devesse saber
Que sua aura recende a música e poesia,
E seus traços conceituam Monet,
onde cada arte de seu corpo é uma relíquia.
Você foi e será para sempre
A eterna canção que compus sem som,
O quadro que pintei no silêncio da mente,
A fonte, o cerne vívido que me traz inspiração.
Quem sabe devesse não te deixar saber,
Mas é tarde demais para não se permitir errar.
Mesmo longe, apesar de talvez não se reconhecer...
Solenemente, me apaixonei sem me apaixonar.
Como explicar o inexplicável e medir o imensuràvel?
Palavras nunca serão suficientes para lhe envolver,
Não há rótulos, sua essência é única, puramente inexorável,
Ciência torna-se louca diante da sua inteligência, do seu saber...
Ah se você soubesse que meus olhos cintilavam, em admiração
Apenas em se achegar, ainda que um pouco, nas suas nuances.
Vislumbre necessário do extraordinário universo em sua mão
Que colhia as incertezas e as moldava em beleza nessa performance.
Os seus olhos tornaram-se cegos diante da sua própria genialidade,
Tão singelo, puro e belo que a sua alma sussurrava em meu ouvido
Para contemplar cada um de seus pedaços incríveis na eternidade,
Mas confesso que ao seu lado, a eternidade é ligeira e, pequeno, o infinito.
Apenas se você soubesse que me encantava transcender, desfrutando
Da sua presença, somente em estar, sentir, sem dizer ou fazer nada..
Você me presenteou com lembranças e sua companhia, me iluminando.
Me fazendo inteira, viva, uma pessoa capaz de flutuar estando sentada.
Talvez, eu devesse ter abraçado melhor nosso tempo limitado.
Cada frase dita, cada batida, cada suspiro... milissegundos em dádivas.
Guardei em células, mas ansiava por um pouco mais desse presente dado..
E mesmo pulsando, ainda quente, prefereria ter escrito em letras douradas
Em meu recanto mais profundo, no brio das estrelas, no findar do fim.
E entre meus dias e noites inspiro um pouco do que restou da sua alvorada
Resquícios da melhor coisa que se achegou e se aninhou a mim...
Inspiro, expiro e absorvo a certeza que não há relevância sem sua risada
Não há cores capazes de pintar o buraco negro da sua ausência, assim.
Em cada amanhecer, quando o Sol trazer a luz de uma nova esperança
Recorrerei a constelação dos seus olhos e haverá esperança nos meus
Seu sorriso, sua aura tão plácida sempre será maior que a lembrança
De um dia não ter te deixado saber que renasci mergulhada em traços teus.