POR DENTRO DE UM VENTO SUSPENSO
Vivo hoje por dentro de um vento
Um vento que até hoje me corrói por dentro
Escrevo e declaro os meus pensamentos
Relato em papéis
Na escrita me entrego
E atiro minhas nuvens ao vento...
Vivo hoje um tormento
Uma saudade, um lamento
Acordando por dentro
E me derramando em esperanças
De tê-lo ao meu lado a tempo!
No meu íntimo assovia como nunca esse vento...
Que por vezes me deixa a flor da pele
Por outras suave e leve
Esse vento que me apavora
E ao mesmo tempo me devora
E que me assopra em todas minhas certezas
Que rasga dilacera e não cicatriza
Que me desnuda em seus assovios
E que me entrego nu, totalmente despido!
Ah esse vento suspenso
Que gozo por todo meu corpo
Em orgasmos intensos
No sabor da tua pele
No mel da tua saliva
Na tua serpente que me atiça
E que me torce de saudade
De te sentir por dentro!
Foi esse vento que te assustou
Que nunca sentiste por dentro!
Que me abandonou por medo de voar
De ganhar o céu em minhas asas
E voar por entre os jardins
E a banhar-se comigo na chuva
Devagarinho...
De mansinho...
Abrindo e entregando a mim o teu guarda-chuva
Te espero hoje na brisa do meu vento
Trazendo o vento frio que carregas contigo
Balançando minha árvore
Por dentro de um vento suspenso
Assoprando assobiando
De mansinho...
A procurar o calor do meu
Que abandonastes há tanto tempo...
Vlad Paganini
Quero assoprar todo o teu vento
Que há em mim suspenso
Quero assoprar rajadas
Todas em que meu coração
Até hoje em mim sufoca!
Soprarei em teus lábios sem pedir licença
Adentrarei no teu corpo com toda força do meu vento
E te libertarei te abraçando
Sussurrando assovios em teus ouvidos em silêncio
O meu e o teu rebento
Cúmplices do vento!