Vlad Paganini

POR DENTRO DE UM VENTO SUSPENSO

POR DENTRO DE UM VENTO SUSPENSO

 

Vivo hoje por dentro de um vento

Um vento que até hoje me corrói por dentro

Escrevo e declaro os meus pensamentos

Relato em papéis

Na escrita me entrego

E atiro minhas nuvens ao vento...

 

Vivo hoje um tormento

Uma saudade, um lamento

Acordando por dentro

E me derramando em esperanças

De tê-lo ao meu lado a tempo!

 

No meu íntimo assovia como nunca esse vento...

Que por vezes me deixa a flor da pele

Por outras suave e leve

 

Esse vento que me apavora

E ao mesmo tempo me devora

E que me assopra em todas minhas certezas

Que rasga dilacera e não cicatriza

Que me desnuda em seus assovios

E que me entrego nu, totalmente despido!

 

Ah esse vento suspenso

Que gozo por todo meu corpo

Em orgasmos intensos

No sabor da tua pele

No mel da tua saliva

Na tua serpente que me atiça

E que me torce de saudade

De te sentir por dentro!

 

Foi esse vento que te assustou

Que nunca sentiste por dentro!

Que me abandonou por medo de voar

De ganhar o céu em minhas asas

E voar por entre os jardins

E a banhar-se comigo na chuva

Devagarinho...

De mansinho...

Abrindo e entregando a mim o teu guarda-chuva

 

Te espero hoje na brisa do meu vento

Trazendo o vento frio que carregas contigo

Balançando minha árvore

Por dentro de um vento suspenso

Assoprando assobiando

De mansinho...

A procurar o calor do meu 

Que abandonastes há tanto tempo...

Vlad Paganini

 

Quero assoprar todo o teu vento

Que há em mim suspenso

Quero assoprar rajadas

Todas em que meu coração

Até hoje em mim sufoca!

 

Soprarei em teus lábios sem pedir licença

Adentrarei no teu corpo com toda força do meu vento

E te libertarei te abraçando

Sussurrando assovios em teus ouvidos em silêncio

O meu e o teu rebento

Cúmplices do vento!