Faz muito tempo
Que tu vieste sonso
Levando nossos sonhos
E alguns dos meus
Tempo que faz falta
Sem teus ponteiros
Que nunca apontam o terminar
E eu feito jangada sem vela
Sem o teu colorido de aquarela
Esquecido feito Marambaia
Desmilinguido
Indo sem ar
E o mal vindo
Sem ser bem-vindo
Uns que se se acham donos da veras
Sem reboco
Sem primavera
Onde nessa construção
Uns saem mortos
Outros pobres sem ação
E o medo que tu insistes
Em me imputar
É teu desejo de morte
Enviesada atravessada
Sinistra feito o teu falar
Onde de tua fala só tu és o bom
O dono pleno da verdade
Limitado pelo teu tom
De ódio e agonia
De encarnada ironia
Nefasta arrebentada
Do rebento impedido
Do feticídio empunhado
Da bandeira sem revalida
Do tom desencontrado
Perdidos sem alento
Escravos sem visão
Querem manter os cravos
Inversos na mesma mão
Enquanto olhas caolho
Meu olhar é de dois
Penso no meu país
E nos outros que virão depois
Se teu nó é cego
Meu desatar é calmo e doce
Pois o verbo acalentar
Faz parte de minha estrada
Aprendi com o antes
A enxergar o depois
Se teu dizer não tem penar
Se teu rebento cai na contramão
Eu sou teu inverso
Lúcido e de pés no chão !
Soldadinho do Araripe
Vinte e Três de três de Vinte Vinte 1.