Roberio Motta

Veritas Vincit

Faz muito tempo

Que tu vieste sonso

Levando nossos sonhos

E alguns dos meus

 

Tempo que faz falta

Sem teus ponteiros

Que nunca apontam o terminar

E eu feito jangada sem vela

 

Sem o teu colorido de aquarela

Esquecido feito Marambaia

Desmilinguido

Indo sem ar

E o mal vindo

Sem ser bem-vindo

 

Uns que se se acham donos da veras

Sem reboco

Sem primavera

Onde nessa construção

Uns saem mortos

Outros pobres sem ação

 

E o medo que tu insistes

Em me imputar

É teu desejo de morte

Enviesada atravessada

Sinistra feito o teu falar

 

Onde de tua fala só tu és o bom

O dono pleno da verdade

Limitado pelo teu tom

De ódio e agonia

De encarnada ironia

 

Nefasta arrebentada

Do rebento impedido

Do feticídio empunhado

Da bandeira sem revalida

 

Do tom desencontrado

Perdidos sem alento

Escravos sem visão

Querem manter os cravos

Inversos na mesma mão

 

Enquanto olhas caolho

Meu olhar é de dois

Penso no meu país

E nos outros que virão depois

 

Se teu nó é cego

Meu desatar é calmo e doce

Pois o verbo acalentar

Faz parte de minha estrada

Aprendi com o antes

A enxergar o depois

 

Se teu dizer não tem penar

Se teu rebento cai na contramão

Eu sou teu inverso

Lúcido e de pés no chão !

 

Soldadinho do Araripe

Vinte e Três de três de Vinte Vinte 1.