Edson Alvez

A SINFONIA DO VENTO

As folhas das macieiras começam a sentir uma aragem vinda das montanhas e choram, sibilando ao vento.
Naquilo que parece ser um aviso, que daqui alguns dias as chaminés começarão a soltar suas cinzas, anunciando mais um inverno.
Veja, o pintassilgo em busca de abrigo. talvez tenha preferido ocupar o seu antigo ninho. No entanto, tantos outros, assim como o pintassilgo, buscarão abrigo.
Parece até filosófico ou até mesmo poético ouvir o som do vento.
Poucos ali notam a sua presença.
Às vezes soa como tempestade, temporal, tornado.
E até mesmo quando sobe lá nas alturas, cumprindo o seu papel.
Até mesmo lá nas alturas é invejado por tamanha liberdade.


Ele andou pelas florestas
Degustando os dons da vida
Desde a aurora do mundo
Sem perder nenhum segundo

Pelas areias da núbia 
Sob o desérto escaldante
Se apoderou das cidades
Sem ali usar a espada

Viu o mamute selvagem
Pastando ali sob a relva
Viu o homem e sua mão
Vasculhando mar e terra

Quando chegava, furtivo
Parecendo vendaval
Vez que outra, só passeando
Em calmaria total

Até mesmo o imenso mar
Faz uso das suas correntes
Cria tubos, forma ondas
Antes que dali se ausente

Como o avanço do tempo
Se ausentou pra os descampados
Parecendo estar ausente
Sem esquecer seu reinado

Andou nas trilhas dos anos
Assolando os alambrados
Quando ali se egueram muros
Espiou pelos telhados

Hoje, já mais compassivo
Com a evolução do mundo
Tem programado o seu tempo
Para viver o futuro