Alexandre Silva

O PESAR DE UMA PERDA

 

O PESAR DE UMA PERDA

 

A dor da partida

jamais deve ser equiparada à alegria da chegada

porque quem chega passa a sensação

de que irá permanecer entre nós por um bom tempo,

mas, os que se vão jamais retornarão:

 

hei-nos, pois, de permanecermos numa posição de eternos aguardantes solitários: a esperar por quem jamais será, de novo, encontrado, visto ou esperado... Jamais tornaremos a ver, ter, sentir... sentir...

 

O jamais: sentir que um dia tivemos a oportunidade de usufruirmos e compartilharmos o tudo que a dita dispôs e agora apenas desejamos que o tempo retorne a nós a dita que já se fora: a perda decepciona!

 

O jamais: não temos uma joia do poder para manipularmos o tempo ao nosso bel prazer; querer; poder... apenas lágrimas restam para quem fica: a perda irrita! 

 

O jamais tornou-se real e presente. Somos incapazes de reagirmos a ele, somos dele, cada um de nós ao seu tempo... Deveríamos ter aproveitado, mas, não atentamos para a possibilidade da perda:

 

ergam-se, agora, as cabeças perturbadas pela outrora vida alegre: vida feliz, vida vivida ao redor de quem sempre se jurou amor, paixão, tesão... esperemos, assim, a nossa vez de partir e, com isso, deixarmos aqui outras ditas a sentirem o mesmo que agora estamos a sentir: o pesar de uma perda...