Jucklin Celestino Filho

CAMINHOS TORTUOSOS (ITABUNA, 19 02/1980)

Quis ser caminhos

De paz, de esperança,

Quiseste ser encruzilhada;

Quis ser flor,

Quiseste ser espinhos;

Quis ser, quando tudo parecia

 Perdido, a  esperança,

Quiseste ser a negação de tudo.

 

Quis trilhar um caminho

De paz, de amor,

De harmonia,

Quiseste ser a desavença!

Preferiste o atalho

Que leva à perdição ;

Quis ser luminosidade,

Quiseste ser escuridão;

Quis ser bondade,

Quiseste ser iniquidade.

 

Quis ser o sol

Que aquece e revigora,

Quiseste ser o fogo

Que queima, que abrasa;

Quis ser a melodia 

Que encanta e apascenta a alma,

Quiseste ser a voz dissonante 

Da discórdia, música 

Que fere os ouvidos 

E entorpece os sentidos.

 

Quis ser bonança,

Quiseste ser tempestade!

Agora é tarde, Safira,

Para voltares os passos

Ao caminho da retidão,

E quereres  proceder 

Como nunca  procedeste:

Seres leal.

 

As árvores  que dão  frutos

Podres, jamais 

Produzirão  frutos de bondade !

O enlace amoroso

Que começa com falsidade,

Na falsidade termina, 

Aos vendavais da vida,

Não resiste!

 

Mesmo que a dor

Me cale fundo n\'alma,

Não  fico mudo

Ao  meu reclamo,

À minha triste sina

Se razão me assiste!...

-- Vai, louca cigana!

Safira, ou Dalila!

Nem mesmo sei 

Por qual nome

Te chamo

Mulher de muitas máscaras

E  muitos disfarces!

 

Não te maldigo, não!

Eu que me perdi,

Iludido, no fogo da paixão!

Vendo estrelas,

Onde só havia

Falsa constelação!

 

Seguirei pela reta estrada.

Seguirás pela encruzilhada,

Desviando-se perdida

E desnorteada, doidivana,

Em cada curva do caminho!

Adeus, Safira!  

Nossa história, 

No olvidor termina!