Quis ser caminhos
De paz, de esperança,
Quiseste ser encruzilhada;
Quis ser flor,
Quiseste ser espinhos;
Quis ser, quando tudo parecia
Perdido, a esperança,
Quiseste ser a negação de tudo.
Quis trilhar um caminho
De paz, de amor,
De harmonia,
Quiseste ser a desavença!
Preferiste o atalho
Que leva à perdição ;
Quis ser luminosidade,
Quiseste ser escuridão;
Quis ser bondade,
Quiseste ser iniquidade.
Quis ser o sol
Que aquece e revigora,
Quiseste ser o fogo
Que queima, que abrasa;
Quis ser a melodia
Que encanta e apascenta a alma,
Quiseste ser a voz dissonante
Da discórdia, música
Que fere os ouvidos
E entorpece os sentidos.
Quis ser bonança,
Quiseste ser tempestade!
Agora é tarde, Safira,
Para voltares os passos
Ao caminho da retidão,
E quereres proceder
Como nunca procedeste:
Seres leal.
As árvores que dão frutos
Podres, jamais
Produzirão frutos de bondade !
O enlace amoroso
Que começa com falsidade,
Na falsidade termina,
Aos vendavais da vida,
Não resiste!
Mesmo que a dor
Me cale fundo n\'alma,
Não fico mudo
Ao meu reclamo,
À minha triste sina
Se razão me assiste!...
-- Vai, louca cigana!
Safira, ou Dalila!
Nem mesmo sei
Por qual nome
Te chamo
Mulher de muitas máscaras
E muitos disfarces!
Não te maldigo, não!
Eu que me perdi,
Iludido, no fogo da paixão!
Vendo estrelas,
Onde só havia
Falsa constelação!
Seguirei pela reta estrada.
Seguirás pela encruzilhada,
Desviando-se perdida
E desnorteada, doidivana,
Em cada curva do caminho!
Adeus, Safira!
Nossa história,
No olvidor termina!