Para ela,
 Era tão fácil matar a sêde,
 Bastava deitar na rede,
 E esperar com confiança, 
 E com paciência,
 Com segurança,
 Pois na sua experiência, 
 A água poderia demorar,
 Mas sempre estava por perto,
 Era certo,
 Poderia atrasar um pouco, 
 Mas certamente a água viria,
 Um caso raro da ciência,
 De uma invertida dependência,
 Um desejo necessário,
 Da água sentir vontade,
 De molhar uma boca,
 E não o contrário,
 Na sua consciência,
 Era cristalino e transparente,
 Que a água, 
 Era totalmente dependente,
 Da sua dipsia,
 Uma água sem orgulho,
 Sem vaidade,
 Sim as vezes demorava,
 As vezes passavam dias,
 Mas ela sabia,
 Que bateria a saudade,
 Passava a língua nos dentes,
 Adivinhando com saciedade,
 A água limpa e transparente,
 Mas qual,
 E o tempo passou,
 Então ela esperou e esperou,
 E a água não voltou,
 Um pouco arrependida,
 Um pouco indignada,
 Surpresa, se levantou num salto,
 A fonte secou,
 Isso era um fato,
 Estava na hora de procurar 
 Outro regato...