DA UTOPIA
Quero encravar minhas mãos,
A terra habitada pelo labor,
E dela retirar, sulcos e raízes,
E o fazer germinado.
E em cada manhã, em que se debruça o dia,
Celebrar o brilho do olhar,
Que percorre o sonhar dos homens,
E urrar e gestar as dores do parto.
Para assim embeber-me,
De todas as esperanças,
Que se agarram aos pés dos andantes,
Para me engravidar de utopias.
Para uma mãe com o filho entre os braços, no Campo de Calais, França, procurando um lugar para viver.
Carlos Daniel Dojja