GRAVURAS EM PRETO E BRANCO
Será que na tua cruel realidade tu és assim mesmo?
Totalmente em preto e branco?
Será que tu és assim também pela manhã?
Até mesmo nas manhãs de um belo amanhecer?
Nos dias, tardes e noites?
Que em madrugadas da tua solidão registras
Lembranças da tua triste infância em imagens escuras?
Amanheces eu sei, sim, com a cama desfeita
Num sol que invade amedrontando a tua alma
E mesmo com todo esse belo clarão
Só registras a escuridão
Pelo teu quarto fotografias espalhadas
Reveladas em papel fosco, imagens turvas
Gravuras em preto e branco
Que em teus olhos cor de mel
Registram na lente e revelam no papel
Teu jeito moreno anda pela casa
Em retratos falados sobre a mesa
Pelos teus olhos flor de laranja
Retocam tua areia salgada e esquálida
És a tua alma refletida em tua escuridão pálida
Tuas gravuras revelam um som
Que vem de dentro
Gramática de tuas imagens
Arrepiam abertas, dilaceradas
Feito roupas espalhadas casa!
Tua melancolia em preto e branco
Inflama o que tanto escondes
Tua alma em brumas escancaradas!
Feito um rompante
Me sinto em arrepios
Pela tela observo um monólogo em teu banho
Banho da tua tristeza, de uma arte fria
Que me fazem brotar em meu peito
Uma triste poesia!
Me sinto saudoso...
Do teu preto e branco colorido
Feito uma aquarela
Que me traz agora lembranças
De quando entraste em minha vida
Num escondido e falso colorido que tu eras
Num intenso perfume...
Naquela tarde de primavera...
Vlad Paganini
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