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Elfrans Silva

A MENINA DO PORTÃO - 2° PARTE

 

Fiquei intrigado, sem querer magoar
Entendi sua dor e resolvi perguntar
Dali por diante, que pretendia fazer
Disse somente, de um modo inseguro
Nada a pensar sobre os dias futuros
O imóvel talvez fosse locar ou vender

Sem entender a omissão da história
Senti um entalo na minha memória
Ali, resolvido, eu mesmo fui residir
Tudo instalado, em seu devido lugar
Notei na parede, na perpendicular
O quadro da moça, onde eu ia dormir

No primeiro instante pensei devolver
Porém a saudade veio me envolver
Ainda recente no meu pensamento
Meio confuso, mas por integridade
Me restava saber qual seria a verdade
E se existisse era esse o momento

Já em descanso, em alta madrugada
A luz se acende, sem toque, sem nada
Eu me emudeço ante uma visagem
E de repente, sem que a porta abrisse
Ao pé do leito, corpo belo, em riste
Me sentindo parvo, faltou-me coragem

O odor de jasmim suscitou o encanto
Tentei resistir, e o esforço, no entanto,
Foi a impulsão que levou-me pra ela
Senti que o mundo afastou-se de nós
O tempo parou quando ouvi sua voz
Enquanto um vento entrou da janela
.

            *****     ****         (Claudia)

\" Á Casa é tipo dos sonhos e planos
Concorre a meta dos seres humanos
E muitos na vida desprezam o tempo
És jovem e belo, mas tudo é vaidade
Beleza e poder não trás felicidade
São folhas que caem levadas no vento

O Portão é figura dos teus limites
Siga em frente, sonhe, lute, conquiste
Pense e meça cada oportunidade
Invista na paz, propague o amor
Sê chuva e sol no plantio da flor
Terás o favor mesmo na tempestade

O Velho, na cena, é o contrarregra
Que luzes e sons, no palco agrega
Te dá, como queira, por livre opção,
Meios e afins de entrada e saída
Que rege o grau de qualidade da vida
Se é boa ou má tua representação

A Moça, sou eu, além da ilusão,
Ali no portão implorava em oração
Um tempo, um minuto um momento
Na incerteza do acaso ou pretensão
Que no desalento me desse atenção
Fugindo à rotina do teu comportamento

Tu me enxergavas ainda menina
De olhos atentos, prudente, franzina
Desejando um beijo, mesmo na face
Seguia em frente, nem para trás olhava
Já eu, de você, os olhos não tirava
Restava esperar mais um amanhecer
Para tentar me fazer compreender.

Até que num dia bem diferente
Senti seu olhar um tanto mais quente
Foi quando a coragem de mim se apossou
E sem consciência minha voz o convidou
A juntar-se a mim e aos mistérios meus
E, enfim, saber meus segredos com Deus \"

                  ******       *****

De repente a moça, num relance esvaiu
Fechei a janela onde entrava o frio
Deitei- me na cama para me recuperar
No dia seguinte, saindo do quarto
Olhei na parede, não vi mais o retrato
Sentei na varanda, sozinho pra meditar

Aquela garota, muito amei de verdade
Os dias passaram, deixei pra mais tarde
Nem dei conta do dia que triste fato se deu
Passei muito tempo namorando a visão
Da sua imagem debruçada no portão
Já partira do mundo sem que eu desse
ADEUS !