Claudia Casagrande

Trocadilho certeiro

De baixo para cima

Desde menina

Eu lia a história

Em prova ou avaliação

Olhava o final e então

Gravava na memória.

 

Talvez assim o fizesse frequentemente

Porque o tempo perdido do meu precioso momento

Seria minimizado, com a noção do fechamento.

 

Na dúvida de ser uma ansiedade em mim permanente

Ou um vício, uma mania, ou um discernimento

Eu segui sempre com o particular desregramento.

 

Até então o famoso NDA me consumia

Nenhuma das alternativas me satisfazia.

Foi quando depois de meio século de existência

Em uma conversa de pai e filha sobre vivência

Através de parábolas e da intrigante sabedoria do docente

A resposta não haveria de ser mais transparente.

Aos oitenta e três anos o genial genitor

Falando sobre como aprendeu abreviar alguma dor

Sobre possíveis manipulações e algumas divergências

Evitava engrandecer as inconsequências

Lia de baixo para cima todo o jornal

Da última para a primeira página era o seu ritual

Poupava tempo perdido com o que não lhe agregava

E o DNA foi o trocadilho que eu tanto esperava.