Silvio Vinhal

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Há em mim uma poesia contida,

como o badalar de um sino que não badala.

Como o som de um violino que nos recorda a alma

(mas que não ouvimos).

Lá fora cai a chuva de todos os ciclos,

num ritmo cálido e triste,

mas o coração está feliz e ouve o ritmo

como uma canção de alegria que nos conforta a alma.

 

Há sorrisos na memória.

Rostos, mãos e gestos. Silhuetas amadas

e esquecidas.

Há um burburinho dizendo

que tudo se confunde numa coisa só.

O amor por cada pessoa é o amor por todas as pessoas.

O corpo é apenas um braço, a mão,

Uma fagulha que de nós se estende rumo a outro ser.

Não importa sexo e cor,

o amor acontece de um ser a outro,

e outro, e outro,

Porém, ser ser promíscuo,

ama um a um e ao mesmo tempo ama a todos,

Porque não há limites para o amor.

 

O amor não conhece a gravidade, o tempo, o espaço,

Não se acomoda em recipientes vazios.

Pelo contrário, cresce sempre,

como o ar quente que se expande, mais e mais,

Como a água que está sempre fugindo.

(olhando de perto vemos que não é uma fuga)

É um destino, um caminho,

que se contorce nas pedras do rio,

Abre passagem, supera desafios e vai, vai sempre,

em busca de um destino,

Sombrio, desconhecido,

Mas cheio de sonhos que projetamos,

Silhuetas que amamos

e que retornam na sombra que as folhas

desenham no chão.

Há um grito de dor, desejo irrealizado,

frustração!

Mas há um grito mais forte, de júbilo:

O tempo é senhor da razão...

e valerá a pena qualquer amor,

Qualquer amor valerá!