Há em mim uma poesia contida,
como o badalar de um sino que não badala.
Como o som de um violino que nos recorda a alma
(mas que não ouvimos).
Lá fora cai a chuva de todos os ciclos,
num ritmo cálido e triste,
mas o coração está feliz e ouve o ritmo
como uma canção de alegria que nos conforta a alma.
Há sorrisos na memória.
Rostos, mãos e gestos. Silhuetas amadas
e esquecidas.
Há um burburinho dizendo
que tudo se confunde numa coisa só.
O amor por cada pessoa é o amor por todas as pessoas.
O corpo é apenas um braço, a mão,
Uma fagulha que de nós se estende rumo a outro ser.
Não importa sexo e cor,
o amor acontece de um ser a outro,
e outro, e outro,
Porém, ser ser promíscuo,
ama um a um e ao mesmo tempo ama a todos,
Porque não há limites para o amor.
O amor não conhece a gravidade, o tempo, o espaço,
Não se acomoda em recipientes vazios.
Pelo contrário, cresce sempre,
como o ar quente que se expande, mais e mais,
Como a água que está sempre fugindo.
(olhando de perto vemos que não é uma fuga)
É um destino, um caminho,
que se contorce nas pedras do rio,
Abre passagem, supera desafios e vai, vai sempre,
em busca de um destino,
Sombrio, desconhecido,
Mas cheio de sonhos que projetamos,
Silhuetas que amamos
e que retornam na sombra que as folhas
desenham no chão.
Há um grito de dor, desejo irrealizado,
frustração!
Mas há um grito mais forte, de júbilo:
O tempo é senhor da razão...
e valerá a pena qualquer amor,
Qualquer amor valerá!