Doloroso

As Linhas Que Te Levaram Para Longe

Eu olho para o azul imenso do céu da manhã...
Em sua extensão e profundidade vivem o silêncio e a ignorância para minhas dúvidas.
Nele não cabe a dor que sinto,
A grandeza do que me falta.
Dele não descende a benção de um consolo,
Mas o martírio da indiferença.
Um azul profundo preenchido de ausências
Não me cabe,
Vazio que sou.
Mesmo as estrelas - visitantes nas trevas -
Brilham frias e cegas
Repetindo a ladainha de Deus,
Pálidas de não saber,
Cúmplices de uma crueldade.
E eu vasculho o infinito à procura...
Não está lá...
Nem o sol, nem a lua, nem as estrelas.
A amarga paisagem da manhã de inverno
Revela que será um verão de fazer enlouquecer de tristeza.
Como uma árvore morta no campo,
Apunhalada por um raio certeiro de impiedosa tempestade,
Eu ficarei tombado para sempre,
Até que o tempo me dissolva em algo menos que o nada.
Sentindo as estações se revezarem;
Esturricando ao sol,
Encharcado na chuva;
Olhando para o céu,
Observando as linhas que te levaram para longe.