O movimento dá o ritmo
enquanto se espera o exceder
que o coração vai se alimentando,
aí, o descanso é apenas um propósito
de que para o extenuar do cansaço
deve-se acomodar o que está incomodando.
E lá no canto da sala, solitária,
tão inerte, à espera da acolhida
se entrega pra quem a queira,
não escolhe o pronto acato
e tampouco se faz oferecida
pela singular razão de ser cadeira.
E entre o encosto e o assento
há sempre um elemento
que a toma em apreço.
Não há outro momento
em que tão singelo sentimento
faz da cadeira seu endereço.
A cadeira é um espelho
do que somos e fazemos
durante toda a vida,
onde o receber é a partilha
do que construímos e temos
no desidratar da nossa partida.