Trabalhava a terra para suprir nosso sustento,
o corpo esquecido no sentir do desalento,
as mãos calejadas pela dureza do seu labor,
o espírito enfraquecido pelos sonhos em torpor.
Vida lépida como um raio que num átimo se dissipa,
mística, bela e enigmática, parecendo infinita;
era sobrevivente num trilhar entre o azar e a sorte,
revelando no seu pulsar desilusões antes da morte.
O suor sendo vertido parecia não ter valor,
da aurora ao crepúsculo não lamentava a sua dor,
cultivando alimentos para abastecer a cidade,
foste colono sobrevivendo num trilhar de simplicidade,
servidão a céu aberto num porvir em desesperança,
seu valor foi olvidado na grandeza de sua importância.
Depois de mais de um dia de agitado fragor,
nascem as estrelas, prostrando-se a quimera,
irradiando vida, mostrando o fulgor,
desabrochando o descanso, esquecendo-se da guerra.
As estrelas, falam, gritam e suplicam,
de que o tempo não passa, quem passa é você,
para que reflitas um pouco sobre a eterna ilusão,
da distante luz estelar que vemos na escuridão!
Cai a noite, descansa e refresca a alma,
zomba da morte, adoça o sofrer,
seu silêncio é prédica, é brio, é calma,
a noite é esperança que ajuda a viver!
A pobreza faz brotar novas mudanças,
procurar na cidade a sorte que não alcança,
com coragem, sem dinheiro e algumas trouxas,
carrega pesada cruz na aventura que agora incursa.
Desorientado com seu presente em confusão,
a favela é moradia da simplicidade em retidão,
a resiliência é abraçada pela vontade da conquista,
a alfabetização é indispensável, respeitada e benquista.
O seu despertar é de alento e esperançar;
um novo dia acontecendo a lhe abençoar,
agora ele trabalha e estuda com dedicação,
seu viver tem a ínclita vontade em consideração.
Adversidades hão de estar no percorrer deste caminho!
Obstáculos vão mostrar a superação em seu destino,
fortificando no viver a esperança em seu sonhar,
construindo o seu amanhã pelo afinco de estudar.
O amanhã é de procura na transformação do viver,
o tempo vai-lhe cobrando persistência em seu trilhar,
o triunfo todos querendo, muito dinheiro e poder,
sua vitória é diferente, seu objetivo é se formar.
Na educação consolidada
pelo respeito e honestidade,
sua palavra é dignificada,
no sepultar da improbidade.
Num mundo de descaminhos,
de incorreções e incongruências,
seu bom caráter vai construindo,
o forte homem em sua eminência.
Aquele jovem muito aplicado,
agora gostava de ler livros,
à escola ia entusiasmado!
Boas notas eram seu incentivo!
Conseguiu entrar para a Universidade,
para estudar o curso de Letras!
Freqüentava as aulas com assiduidade!
Sua abnegação era perfeita!
Seu sonho era ser professor!
Seu idealismo era apaixonado!
O porvir era reluzente e promissor,
pelo saber em que estava focado!
De família honesta e simples,
por isso não tinha recursos!
Vivia uma vida sem requintes!
Trabalhava para pagar o seu curso!
Foram instantes de dificuldades,
num esforço inefável e desmedido;
conseguiu superar adversidades;
diplomar-se era o seu objetivo!
Chamavam-no de Caxias,
por só pensar nos estudos!
Dinheiro quase não tinha!
Não nasceu em berço de luxo!
Baladas em convites,
apareciam a todo momento!
Belas alunas em acintes,
lhe ofereciam divertimento!
Não abraçava a devassidão,
em prol de seu propósito!
Os prazeres em exclusão,
mostrava seu foco heroico!
Viu vários amigos desistindo,
do curso e de boas oportunidades!
Ele lá, sempre persistindo,
através de sua força de vontade!
Jovem numa luta incessante,
noite e dia; dia e noite!
Por um desejo edificante!
Quanta renúncia! Quanto açoite!
Tinha em sua mente,
o lema dos pioneiros:
os covardes nunca começam;
os fracos morrem no caminho;
somente os fortes chegam.
Estudava! Estudava! De modo incansável!
De segunda a segunda! Sem fins de semana!
Seu afã! Seu desejo! Seu ideal inquebrantável,
fizeram-no ter uma dedicação quase insana!
Aquele jovem entendia:
que ele era o arquiteto,
de seu próprio destino!
E refletia que a vida, é
feita de escolhas e que
preferia a dor de não ter
vencido, à vergonha de
não ter lutado!
Seu desprendimento valeu a pena,
com o sucesso para o almejado!
A primeira etapa em vitória plena!
O respeito havia conquistado!
E o dia da glória chegou,
para o jovem que investiu na sabedoria!
O bacharelado ele conquistou,
pelo sacrifício e suor em cada dia!
O coração do jovem percebia que:
por um ideal as forças se multiplicam!
Compreendia que para lecionar,
enfrentaria grandes adversidades!
Sua primeira aula fez-lhe emocionar,
por ver-se professor, diante das dificuldades!
Aquele jovem obstinado com seu idealismo,
consolida hoje seu apreço e dignidade!
Exerce seu ofício com maestria e profissionalismo;
fez o sonho realizar-se por sua gana e vontade!
Porquanto!
Ficar na inércia,
esperando sucesso,
é vontade egressa,
apeando seu progresso.
Pulsar em desambição,
tolhendo conquistas,
vivência sem emoção,
aceitando a preguiça.
Portas fechadas,
não sendo batidas,
sorte prostrada,
oportunidades perdidas.
A vida em labuta,
de lágrimas e sorrisos,
lassidão na disputa,
sacrifícios recidivos.
Apatia é regressão,
incentivando desalento,
você é a aplicação,
seu esforço é o suprimento.
Estancar a desistência,
é renovar o ideal,
empreender em afluência,
alicerçando vigor total.
Agradeça pelas dificuldades,
por oferecer-lhe o aprender,
suplantá-las é a oportunidade,
de valorizar o seu viver.
Esforçar-se é relevante,
para ultrapassar os obstáculos!
Ser guerreiro é extenuante!
Perseverança é o sustentáculo!
Tenha fé, seja otimista,
acredite em você,
não esmoreça, sempre insista,
bons resultados irás colher!
A vida sem embaraços,
não tem graça, não faz crescer,
paciência é o grande passo,
que mostrará seu fortalecer.
O destino em facilidade,
não lhe ensinará a grande lição;
que toda conquista não é gratuidade,
é fruto do suor e da abnegação!