Alberto Neto

Vociferando aos vendilhões

 

Eu nunca aprendi a pescar moedas
no puro poço dos desejos alheios
sequer sei como pecar direito
tirar proveito dos ditames
alegadamente t?o perfeitos

Escritos presentes na carta magna
conjurada no magma de uma
dessas revoltas armadas
nossos próprios punhos
bastante habituados a empunhar
espadas agora assinam
esse pacto em nome dos
presentes e seus descendentes

Essas m?os estão calejadas
dormentes pelas cicatrizes
permanentemente frescas
de levantarem estandartes
bandeiras a muito rasgadas
ou inclusive queimadas
na chama da nova inquisição
que insiste em contrariar a razão

Dissemos que essa mensagem
estava endereçada ao futuro
aos cuidados dos filhos e netos
pelo menos é isso que ensinam
em nossas estruturas de concreto

Porém a tal da cobiça cresce
bem em nosso leito cristalino
como acontece com a sede
mesmo que a água
derivada das lagrimas
seja árida igual areia do Saara

vocês a bebem!

De repente as nossas intenções
tornaram alguns em leões
predadores vorazes
porta vozes da sua suprema
vontade, acima de todos,
nessa floresta de prédios
se ergue um novo império

Eu nunca aprendi a pescar moedas
mas as minhas lagrimas caíram
migalhas ondulando o poço
por onde muitos depositaram
o pouco do que tinham
em nome do pretenso paraíso
a ser construido no epicentro
dessa nação cansada de judiação

Sequer sei como pecar direito
muitos lobos eu até conheço
eles exibem um caráter falso
são capazes de conjurar
admiráveis promessas
afim de iludir a sua plateia

Aplausos e mais aplausos!

Podem ainda jurar em nome
das figuras mais santas
esquecendo-se da propria
insignificancia, subindo
em um pedestal de barro
alto demais para se sustentar
que vai ruir sob seus pés