Carlos Lucena

O PARTO DE UMA POESIA

PARTO DE UMA POESIA

Em dores de parto
Vou parindo as palavras
E na penumbra do quarto
Palavras ora serenas
Ora bravas
Saem de gemidos silenciosos
Amenos
Calmos
Tranquilos
Nervosos.
Em dores de parto
O útero encefálico
Sangra em verbos
De turbilhão hemorrágico.
E as contrações gramaticais
Contorcem-se
Silenciosas
Escandalosas
E num grito
Restrito
Contrito
Extrito
Em rito
Pari a poesia!