Helio Valim

Voz da poesia

 

A voz rouca da poesia

cobra que os ímpios,

não rujam leoninos,

olhem para os princípios

e sejam, apenas, comedidos.

 

Aceitem a força dos versos,

abandonem brados infames

pelas palavras, pepitas lavradas

nos córregos frasais errantes

e participem desses universos.

 

Fantasias construídas de poesia

sustentam ideias complexas,

com a força da corda na polia

que transferem, perplexas,

densas cargas de pura euforia.

 

Apesar de a voz quase silenciar,

ouçam, nas estrofes, a poesia

que, no todo dia, sustenta o ar

com a densidade da rebeldia,

fazendo todo rugido calar.