Punhal cravado na carne,
Com um beijo,
Não cura a ferida!
Não pode o pássaro
Que foi ferido,
No laço
De uma perversa injustiça,
Tolhida-lhe a liberdade,
Perdoar ao malvado
Que o aprisinou!
Ninguém beija a espada
Que o seu peito perfurou!
Quem lhe há de pagar
Por um martírio de dias ?
Nas letras frias
Dessa ignomia perpetrada,
Os tormentos de premeditada
Crueldade sofrida,
Quem lhe há de purgar?
Quem lhe vai devolver,
580 dias perdidos
No calendário da vida?
Sinto na face,
O suave beijo da brisa,
Que do horizonte desliza
E me vem, à razão chamar:
-- Vate querido,
Lembrate-te do que te asseverei?
Na memória,
Se guardaste, não sei...!
Disse-te, na tarde
Que ia morrendo,
Ao descansares debaixo
De frondoso arvoredo:
-- Poeta querido,
Não tenha medo!
Continue aguerrido!
A tudo que está ocorrendo,
Haverá de vir a bonança.
Um dia, tudo se aclarará
Sem tardança.
Espera um novo alvorecer !
Não cai uma folha
Da árvore,
Um fio de cabelo
Não cai,
A folha que vai
Rolando, levada
Pelo vento,
Quem sabe aonde cair vai,
Sem se ater
Aos desígnios de Deus
Que desatará
Os segredos
Do novelo.
Aos olhos e ouvidos
Do Criador,
Nada passa despercebido:
Tudo se escancara
Quando abre-se o boqueirão
Da verdade!
E àqueles tidos
Por santos,
Em essência, bandidos,
Uns tantos
Cinicos e dissimulados,
Incontinenti, desmascara.
Logo vem o castigo:
Os seus podres revelados!
O tempo que ensina,
Remodela e movimenta
Agrura ou dissabores,
Encantos e desatinos,
É filho e ruim madastra
Que guia a mão do destino ,
Retira pedras, imponentes
Rochedos do caminho,
Não se detêm pela estrada
A retirar
Das flores os espinhos,
A defender malfeitores,
Livra-los da sina
De os seus crimes pagar!
Pois logo volta-se rijo o chicote
No lombo do agressor!
Quem houvera de saber,
Quem cogitava imaginar ,
Que o ungido
No bronze da história,
Loureado por tantos
Fabricados triunfos e glórias,
Herói de capa e revista,
Festejado por tantos
E quantos
Que o seguiam embevecidos,
Ao golpe de um vento
Mais forte ,
Fosse seu enbuste desmarado,
Era apenas um engodo,
E que um
Dia , ao seu real patamar
Iria descer ,
Mostrando de que estopo
Era feito:
Um ser diminuto, entanguido,
Massacrado pelas bombásticas
Revelações que estão
Vindo a tona,
Fatos incontestáveis narrados,
Que o atiram no lixo
Da história ,
Com a pecha de ter sido
Juiz ladrão,
Que interferiu
No resultdo do jogo.
A mesma história
Cunhada por uns poucos
Que o haviam a herói ungido,
Já inclemente o abandona.
É o reverteres da vida,
Fustigado o transgressor
Da lei, desmascarando
Do ex-juiz ladrão,
Os inúmeros
Crimes perpetrados !
E a injustiçado,
Justiça, inda que tardia!
E uma certeza
Enconteste encerra:
A história
E o eleitor
Desta sagrada terra
É que hão
De corretamente julga-lo!