Deus, onde estás?
Virou-se um, vemos outro repleto de desenganos
Dias de pântanos, alagados de dores e pranto
A vida luta, muitos não atravessaram o ano
A morte os carrega, jaz a espera de outro tanto...
Ah! Deus, onde estás que não ouves!
Gritos, tornam-se eternas lamúrias
Ainda que passem dias, e vos louve
Sei, tamanhos são os pecados, constantes as falhas
Poucos te louvam, enquanto céticos, maldizem a sorte
Tanta vida lá fora, e agora, presos entre de paredes
Desistem, driblam os dias, indo a favor da morte
Falsos universos, mantêm suas redes
Ah, senhor! Pobres, mortais! Passam a vida sem saber
Antes mesmo de tê-la, pensam que sabem demais
Navegam à deriva, naufragam sem entender
Plantam tempestades, e só colherão ais...
Ainda assim, creio na misericórdia do Onipotente
Ah, Deus! Será, que ainda ouves o pobre?
Gritam por ti... És complacente, apressa-te!
Não nos deixe, a mercê da morte...
Ema Machado