Ema Machado

Deus, onde estás?

Deus, onde estás?

 

Virou-se um, vemos outro repleto de desenganos

Dias de pântanos, alagados de dores e pranto

A vida luta, muitos não atravessaram o ano

A morte os carrega, jaz a espera de outro tanto...

 

Ah! Deus, onde estás que não ouves!

Gritos, tornam-se eternas lamúrias

Ainda que passem dias, e vos louve

Sei, tamanhos são os pecados, constantes as falhas

 

Poucos te louvam, enquanto céticos, maldizem a sorte

Tanta vida lá fora, e agora, presos entre de paredes

Desistem, driblam os dias, indo a favor da morte

Falsos universos, mantêm suas redes

 

Ah, senhor! Pobres, mortais! Passam a vida sem saber

Antes mesmo de tê-la, pensam que sabem demais

Navegam à deriva, naufragam sem entender

Plantam tempestades, e só colherão ais...

 

Ainda assim, creio na misericórdia do Onipotente

Ah, Deus! Será, que ainda ouves o pobre?

Gritam por ti... És complacente, apressa-te!

Não nos deixe, a mercê da morte...

Ema Machado