Ema Machado

Amor Silente...

Amor Silente...

 

O corpo jaz envolto pela mortalha do vazio

Cobre caminhos, dantes traçados por tuas mãos

Na pele, paira agora o abraço frio

Da esquálida e maléfica solidão

 

Resta apenas, lembrar-me em desespero

Do êxtase a consumir, ao entregar-me a teus beijos

Chamas, a percorrer o corpo inteiro

Hoje, daquele fogo, nem cinzas vejo...

 

Nessa masmorra em que me encontro

Nem teu retrato tenho à mão

Nada desfez aquele encanto

Do instante em que entreguei-te o coração

 

Sou hoje, aquela peça esquecida

Cena perdida de um palco qualquer

Sou a roupa que se perdeu a medida

Acomodada no armário, não mais se quer...

 

Ainda posso sentir o tato...

Guardo o desejo na mente

Teu cheiro paira, desperta meu olfato

Teu nome... Meu amor silente...