Serenatas e modinhas do passado
Onde as letras do peão apaixonado
Eram modas que ela adorava ouvir
Um choroso violão, bem afinado
Que gemia quando era ponteado
E a modinha tinha mesmo de sair
No corpo, de nogueira, entalhado
O seu nome, em caneta desenhado
Lembra a data da primeira melodia
Eram versos do dia dos namorados
Numa noite dum céu todo estrelado
E eu pedia pra que não raiasse o dia
Nas tarraxas de aço niquelado
As cordas de um nylon calibrado
Da veterana marca Rouxinol
Deixava o timbre mais aguçado
O capotraste no braço ajustado
Assim tocava até o nascer do sol
O repertório era pouco variado
E eu cantava te fazendo um agrado
E o som planava na campina afora
Como se o mundo, todo encantado
Absorvesse nosso amor rimado
Que só calava ao romper da aurora
Passa o tempo, estou aqui sentado
Com o mesmo violão emparceirado
Cantando pra você outra canção
O teu nome, em relevo, conservado
Junto ao meu, num coração grifado
Sobrevive ao tempo e a corrosão
Mas o dia, muda o tom do azulado
Dou à nota um sustenido elevado
Seu nome grito por essa dimensão
É só meu clamor descompassado
De saudade do tempo cadenciado
Que cantava pra você ... ao violão!