RAIZ
‘O amor constrói
A raiz alimenta
Cresce e floresce
É como o fogo
Para que dure
Não se faz apenas queimar
É preciso aquecer’
No meu rosto trago marcas, cicatrizes
Plantaste em minha raiz sequelas de noites mal dormidas
Me entreguei, lutei, amei e sofri
E queimo em brasa até hoje
No jardim onde planto minha poesia
Esperança de voltar a brotar
Todo o amor que entregaste a mim um dia
Vou para a rua
Estrela
Lua
Calçada nua
E encontro teu corpo em todos os cantos
Em todas tuas raízes obscuras
Caminho sem rumo
Meu corpo ficou transparente e sem prumo
Caminha ainda comigo
Em labaredas aquela raiz
Em linhas das minhas mãos o teu resumo
Ainda sou um menino
Um rosto do que fui e do que sou
Um semblante de pétalas
Roxa vermelha e azul
Olho pra lua
E refaço meu sorriso
Abandono a minha agonia
Olho para os meus pés
E dou de cara com a tua rua
Em brasa arde minha raiz
E rego minha fonte de luz em tua pele nua
Caminho incessantemente a passos lentos
Largos...
Intensos...
E quando paro, me deparo e olho
Estou de frente com a tua pele lua
Nua e crua
Ouço o declínio do tempo
O frescor da saudade
O relógio batendo
Os murmúrios do mar
Os teus olhos a verdejar
Num momento de luz
Teu corpo reluz
Em teu encontro minha alma te conduz
Carrego nesse momento o teu coração comigo
Vou até a lua
Volto a caminhar pela rua
E refaço todo o meu sorriso
Olho novamente pra lua
Na rua te encontro imortal, infindo
Renasço em estrelas o brotar da minha raiz
Entrego na poesia
Toda a minha amargura
Escrevo toda nossa história
Abandono minha agonia
A minha e a tua chuva
Fogo, água, ar e terra
A lua e a tua pele nua
Em labaredas de fogo
Encharcam o luar da minha poesia!
‘O caminho do coração é a coragem
É enfrentar o caminho
É em brasa assumir o que sente na raiz
Se vergar à vontade
Driblar os medos e tempestades
Se entregar e ser feliz’
Vlad Paganini