Lorenzo Mazzo

Quatro MilĂȘnios de Amor e Reencontro com o Ser

Ele, um homem; 

Ela, um anjo…

 

Conheceram-se sob o luar, sob as pétalas

De uma flor já há tanto esquecida…

 

Ele, vestido de cavaleiro;

Ela, em alvíssimas vestes…

 

Olharam-se, e um fogo brotou em seus corações,

Meros espelhos de um mundo em constância…

 

Ele, ferido pelo inimigo;

Ela, abençoada por Deus…

 

Amaram-se tão brevemente e tão longamente

Quanto as últimas ondas da encosta do Paraíso…

 

Ele, mero escravo da carne;

Ela, suma serva do espírito…

 

Já era de manhãzinha quando a chuva veio

E acordou o uno casal com beijos suaves,

E toda a Natureza regozijou frente ao verdadeiro amor:

Animais de todos os cantos cantaram, encantados;

Flores nasceram, flores novas e velhas, flores de vida e morte;

Árvores acariciaram os ventos estrangeiros, perdidos e nômades;

Estrelas ressurgiram das cinzas noturnas, soturnas e caladas;

O Sol e a Lua se uniram num eclipse cromático nunca antes visto;

Os Céus e a Terra se tocaram através do horizonte da nova aliança…

 

Talvez nem mesmo toda a poesia que existiu, existe e existirá

Seja capaz de recriar apenas um segundo da dolorosa despedida deles…

 

Mas toda mente que vive e sabe distinguir o bem e o mal

É capaz de imaginar a súbita soltura de uma mão da outra, do homem e do divino…

 

Quem soltou primeiro?

Isso não importa!

Pois um coração que busca as flores nas trevas sabe sentir o cheiro do reencontro,

E só isso já basta...