Helio Valim

Uma pausa para o café

 

Coado em coador de pano,

servido em bule da ágata,

sorvido sem o correr insano

no viver de uma vida pacata.

 

O ritmo que flui com o cheiro

do café torrado e moído,

no tempo certo curtido,

guarda leve amargor brejeiro.

 

Memórias excitadas pelo olfato

evocam épocas de outrora,

atenuando a urgência do agora

presente nestes tempos de impacto.

 

Da correria do café expresso

quero a morosidade do café coado.

Mas, sem relutar, eu confesso

qualquer café aprecio empolgado.