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Marçal de Oliveira Huoya

Eis Vênus

Ela era densa 
Densa e misteriosa 
Era nebulosa
Nebulosa e tensa
Era minha rosa 
Cheia de espinhos 
Que me arranhavam 
Com carinho 
O orvalho era seu pranto
E seu encanto 
Gotas sulfurosas 
De uma pesada atmosfera 
Primavera dengosa 
Com a impaciência da espera 
Desprezando a redoma 
Desdenhando sua fragilidade 
Achando que delicadeza 
Era sintoma de fraqueza 
E não sinal de sensibilidade 
Então segue sua sina
Em noites e dias
Em terríveis ventanias
Em tempestades femininas
Espalhando poesias
Varrendo a superfície
Em montanhas e planícies 
Recheada de vulcões 
Prestes a explodir
Em belas e maravilhosas
E quentes erupções 
Planeta selvagem que desperta
E logo depois quer dormir
Iluminando seu rosto afogueado 
Vênus, um planeta apaixonado 
Com quem Marte

Com sua arte 
Quer se unir...