Ela era densa
Densa e misteriosa
Era nebulosa
Nebulosa e tensa
Era minha rosa
Cheia de espinhos
Que me arranhavam
Com carinho
O orvalho era seu pranto
E seu encanto
Gotas sulfurosas
De uma pesada atmosfera
Primavera dengosa
Com a impaciência da espera
Desprezando a redoma
Desdenhando sua fragilidade
Achando que delicadeza
Era sintoma de fraqueza
E não sinal de sensibilidade
Então segue sua sina
Em noites e dias
Em terríveis ventanias
Em tempestades femininas
Espalhando poesias
Varrendo a superfície
Em montanhas e planícies
Recheada de vulcões
Prestes a explodir
Em belas e maravilhosas
E quentes erupções
Planeta selvagem que desperta
E logo depois quer dormir
Iluminando seu rosto afogueado
Vênus, um planeta apaixonado
Com quem Marte
Com sua arte
Quer se unir...