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Gustavo Guedes Araújo

Sobre a rotina

São quatro da manhã e o alarme toca pela primeira vez,

O ingrato que hoje o ignora,

antes levantava com rapidez.

Postergo até às cinco,

ainda brinco

mas me ergo.

O sol está nascendo

de onde veio tanto talento?

As nuvens cor de rosa,

são minha dose diária;

que visão poderosa,

que beleza extraordinária.

As fumaças que solto após tragar meu cigarro,

voam livremente pela janela;

subitamente sinto o pigarro,

que é mandado embora pelo meu café com canela.

Mesmo que seja tão belo ouvir os pássaros à cantar,

acho que já chega de procrastinar,

está na hora de me sentar,

e meus próprios pensamentos compartilhar.

Primeiro escrevo livremente

à busca de inspirações;

ter ideias já é algo recorrente,

pois tento escapar dos padrões.

Naturalmente tudo se desenvolve do seu jeito,

e mesmo que não seja perfeito,

fico satisfeito,

simplesmente por ter feito.

Após horas fico perdido,

e já não sei o que fazer;

agora estou desiludido,

tudo quero desfazer.

Continuo a pensar

e vejo o tempo passar;

e mesmo com tanto pesar,

não vou me desinteressar.

Na internet fuço algo de útil,

porém é tudo bem fútil.

Leio uma poesia e

escuto um rap

nem vi que era meio dia

e o mesmo album ainda repete.

Agora a fome me arrepia

preciso logo ir comer;

qualquer coisa me sacia,

sou baiano, mas não preciso de dendê.

Pela tarde me tranco no quarto

para viver o terceiro quarto do dia;

nesse momento tenho a leitura,

que por horas me acaricia.

A noite chega e com ela o sono,

fecho o livro pois agora estou exaurido;

todo o dia nesse momento me questiono,

se foi tudo em vão, ou se o dever está sendo cumprido.

Não sei até quando vou suportar

essa rotina dolorosa,

que não para de me matar,

mas não deixa de ser prazerosa.