Abel Ribeiro

Insensata cegueira

 

Não vejo nada às vezes

De repente me surge uma lente

Sem contato e invisível

De imediato vejo um detalhe

Que até parece risível.

 

Meus olhos...

Às vezes vermelhos

Outras vezes embasados

Apagam o vulto do meu lado

Que eu não vejo no espelho

 

Olho com os cantos dos olhos

E deveras não vejo

Ou vejo e não olho

Cuidado! Não tropece em mim

Sou míope, mas às vezes vejo o jasmim

                      

A cegueira dos homens que enxergam

É a pior que há

Desnuda seu cérebro

Apaga sua critica

Destrói seus sentimentos

Mesmo ele vendo e revendo

O mundo jogado ao relento

Não consegue se libertar.

 

Há pessoas que nascem cegas

Mas há aquelas que se tornam cegas

As que nascem cegas veem mais

Veem com ouvidos, olfato, tato..

Imaginam o retrato e seu distrato

As formas lhes são demais

 

O cego que não se enfrenta com seu sentimento

Torna a aparência o próximo acidente

Os fatos batem nos seus olhos a todo o momento

Mas ele vive do lamento

E as vezes sem seu alimento

Olha, olha, mas não vê

Que o seu sofrimento

Reside muitas vezes naquilo que ele crê.

 

Abel