Observo pela janela do meu olhar perdido
a marola da cidade à beira-mar
onde o cotidiano se desenrola desmedido
e seres urbanos não parecem amar.
Entre florestas, córregos, morros e o mar
derrama-se impiedosa mancha urbana,
aterrando águas e matas sob obstinado luar,
devastando biomas de forma vil e profana.
A dor e o sofrimento da cidade torturada
parecem hipérboles, mas são literais,
presentes em sua rotina transtornada,
pelo cotidiano de urbanoides amorais.
Precisamos de metáforas, aves livres a voar...
Sem elas não há janela para o perdido olhar,
não há rosto para sorrir ou luar para amar...
Apenas, literais, espaços a sufocar.