Marçal de Oliveira Huoya

Noite e dia

A medida 
Que o seu olho via
Tudo ficava mais claro
É claro 
Com a fraca
Luminosidade do dia
Alvorecer avaro
Dizer que foi um sonho
Seria um clichê 
Talvez não tivesse dormido
Ou fingisse dormir 
Meio acordado 
Meio adormecido
Vendo e ao mesmo tempo
Não querendo ver
A noite é uma mulher 
Uma lufada de vento 
Pelos em pé 
Desnudada em um negligê 
Negro, vazado e sugestivo
Sobre um branco vivo
Insinuando o que está escondido 
O que pode acontecer
Silhueta que oferece
Mas logo esquece 
Sombra que só faz prometer
Mal se vê, só se adivinha 
Luz em balé 
O que é, o que não é 
E tudo fica sem saber
Sua incerteza é o mistério 
A natureza do adultério 
Noite e dia em arrebol 
Lua e Sol
No amanhecer...