Sombras desenham um rosto
Confesso, não sei de quem é
Com pouca luz em meu quarto
Percebo ser de uma mulher
Mas de quem, meu Deus, será
Essa face desconhecida?
Penumbras não deixam lembrar
Das tantas que já amei na vida
Mexe e remexe nos cantos
Tornam meu quarto pequeno
Me fazem sofrer mais um tanto
Sombras com sabor de veneno
Nem sonho e nem pesadelo
Tão pouco foi insanidade
Aos poucos consigo entende-lo
São sombras de antiga saudade
Vultos que revolvem a mente
Povoam pela escuridão
Em busca do lado carente
De quem vive na solidão
Amar sem amor não compensa
Nem se prova por quantidade
Ganância no amor é doença
E o fim é morrer de saudade
Sombras esboçam trejeitos
Com rostos indefinidos
Sempre comprimem o peito
Deixando os egos feridos
De que valeu-me as vanglórias
Paixões em pluralidade
Se no fim, ao contar minha história
Sou um tolo que vive de saudade?