No anoitecer de suado verão,
sentado em modorrento terraço,
ouvindo música, no compasso
dos acordes, de solitário violão.
Observo, resignado,
o brilho pelo luar evocado,
repleto das lembranças
de esquecidas andanças.
Começa a chover em vão,
enquanto a lua sorri grata,
refletindo gotas de prata
revelando tão pura emoção.
A chuva molha o chão,
de pedras, daquele espaço
refletindo, no luar, o abraço
dos enamorados em paixão.
Entre sonolentos goles da canção,
sorvendo o gosto amargo
de um conhaque encorpado,
percebo-me envolto em solidão.
Deixo-me levar pela letargia
do instante presente
e aguardo, solenemente,
a chegada de um novo dia.