Helio Valim

Naquele modorrento terraço

 

No anoitecer de suado verão,

sentado em modorrento terraço,

ouvindo música, no compasso

dos acordes, de solitário violão.

 

Observo, resignado,

o brilho pelo luar evocado,

repleto das lembranças

de esquecidas andanças.

 

Começa a chover em vão,

enquanto a lua sorri grata,

refletindo gotas de prata

revelando tão pura emoção.

 

A chuva molha o chão,

de pedras, daquele espaço

refletindo, no luar, o abraço

dos enamorados em paixão.

 

Entre sonolentos goles da canção,

sorvendo o gosto amargo

de um conhaque encorpado,

percebo-me envolto em solidão.

 

Deixo-me levar pela letargia

do instante presente

e aguardo, solenemente,

a chegada de um novo dia.