Ema Machado

Entre Gritos do SilĂȘncio...

Entre Gritos do Silêncio...

 

Ouço, os Silêncios do mundo

Tão profundos que, quase ninguém ouve...

Ouço, o Silêncio do olhar vazio

Vive no cio, na ânsia que alguém, com ele se importe

Possa-lhe ser a bússola que aponte um norte...

 

Ouço, o Silêncio das árvores caladas

Nos canteiros das ruas das cidades

Chora o desencanto da saudade da mata

Empoeiradas, machucadas sob o sol que arde

Entupidas pelo veneno humano

Suas raízes fogem sobre o concreto, ou quase...

Cobertura do solo, feita pelo ser insano

 

Ouço, O silêncio das águas do rio

Segue seu curso em desafio

Não leva mais vida, apenas restos e podridão

Às vezes se derrama, por socorro clama

Quase morto, sem poder sepultar-se no chão...

 

Ouço, o Silêncio das serras, ansiavam alcançar o céu

Perderam o encanto, com tantos casebres

Daqueles, que se alimentam de fel

Embolam-se desordenados, como paga, por tal pecado

São despejados com as feridas da serra

Escorrem sem alívio, sem amparo

Ali o Silêncio é muitas vezes sepultado...

 

Ouça! É o silêncio das feras

Movem-se em busca da caça

Jazem à espreita...

Para saciar a fome, não há o que lhes satisfaça

Engolem... O olhar vazio, o solo e as árvores

Os rios, as serras e os sem chão

E ainda...Como tudo aquilo que engole

Acabam-se, debaixo da mesma terra, sem perdão...

 Ema Machado.