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Origami de Papel

“Lua Pálida”

Vendo ela elevando-se alto no horizonte

Distante das minhas mãos, acima dos montes 

Enrustida em tristeza revelando-se a pobre minúcia

É essa a fragilidade que cega-nós da alegria?

 

Mesmo agora nessa noite, falho em me entender… 

Com os olhos embaçados pelas lágrimas, o que eu deveria ver? 

Conto minha vida sem glória buscando achar no que mudei… 

Mas sem resposta, então para que todo o sofrimento que passei? 

 

No que se basea toda a falsa empatia tão trivial? 

Pouco importa, ela apenas é outra ferida letal…

Que tipo de esperança eu deveria esperar?

Mal sei qual adágio deveria tocar…

 

Diga-me lua pálida que brilha em desesperança…

Qual é o sentido para o existir da confiança? 

Diga-me lua pálida que chora pelos céus…

Por que carregamos essa tristeza como véu? 

 

Por que estamos vivos? É apenas para o sofrimento? 

Se tudo sempre termina em erro… por que eu sequer tento? 

No que deveria encontrar meu conforto? 

Por não saber, tem dias que desejava estar morto…

 

Já não me sinto mais vivo, mas tão pouco sou um cadáver… 

Meu corpo encontra-se tão frio que nem para falecer razão deve haver

Do que adianta se alegrar se no fim irá chorar? 

Para que insistir se inevitavelmente irá fracassar? 

 

Estamos realmente vivendo para no fim morrer?  

Ou será que estamos morrendo para então viver? 

Afinal, o que de fato é e aonde encontra-se \"felicidade\"?

Isso não é apenas uma outra forma de falar futilidade?

 

Diga-me lua pálida esvaida de cores… 

Existe um sentido para a existência das dores? 

Diga-me lua pálida cantando em tristeza… 

Para que nós importamos com futuros repletos de incertezas? 

 

Quando chegará meu dia da recaída? 

Também será consumida minha esperança em ruína? 

Para onde a cova será aberta sobre a terra? 

Quando será a vez de ver minha vitória contra a vida nessa guerra?

 

O que me mantém vivo mesmo agora? 

Talvez apenas não esteja ainda na minha hora… 

No que deveria queimar meu coração? 

Apenas sinto que ele congela em ilusão… 

 

Por que tantas pessoas são maldosas? 

Nenhuma coisa nesse mundo é realmente honrosa… 

Do que adiantaria me destacar na multidão? 

No fim, todos irão me esquecer ao cair sob o chão… 

 

Diga-me lua pálida que de medo treme… 

Por que nossas descidas são tão íngrimes?

Diga-me lua pálida que reza em silêncio… 

Por que a alegria queima até às cinzas como um incêndio? 

 

Por que me deixo intoxicar por essas cinzas no ar? 

Qual é o real sentido de sequer respirar? 

Cada dia o corpo meu denega aos meus desejos… 

Agora nem por meio dos meus próprios olhos vejo… 

 

Por que eu deveria sequer tentar rir? 

Não existem realmente razões para sorrir… 

Por que eu deveria achar algo para dar importância? 

Essas coisas são enterradas nas memórias da infância… 

 

Eu sou intoxicado pelo desejo da mentira… 

Será que isso faz de mim um submisso da irá? 

As máscaras que eu uso são frutos da dor… 

É isso então que chamam tão loucamente de amor? 

 

Diga-me lua pálida pedindo misericórdia… 

Existe uma razão para buscar glória? 

Diga-me lua pálida perdida em desilusão… 

Eu realmente posso me considerar alguém são? 

 

Tem horas que olhando no espelho, pareço um obstrução… 

Minha mente já tornou-se uma grande confusão… 

Existe algo no qual vale a pena acreditar? 

Existe algo no qual vale a pena sonhar? 

 

Já não consigo nem dizer aonde estou 

Já me encontro tão perdido que nem sei quem sou… 

Agora observo aquela sombra ao longe buscando uma essência 

Mas apenas enxergo a tolice da minha própria inocência… 

 

Diga-me lua pálida que encolhe-se de medo… 

Esse \"eu\" sou eu, ou esse outro \"eu\" é o verdadeiro?

Diga-me lua pálida que brilha em reclusão… 

Aonde eu posso achar um coração?