Jessé Ojuara

NÁUFRAGO DA ILUSÃO

Acalma ouvir a canção do mar.

Sento num tapete de areia a pensar.

Esse som uso para meditar.

Sentir seu aroma e a brisa no ar.

 

Suas ondas num infinito quebrar.

Som repetido, chuá, chuá, chuá

Gaivotas num eterno gorjear.

O sol tinge a salgada água do mar

 

A bruma densa se forma ao longe.

Na finita linha do meu horizonte.

Eu mortal e insignificante

Fico pensativo como um monge.

 

Quem sou diante dessa imensidão?

Minha arrogância me envergonha.

Maldito veneno uma peçonha.

Abre vagas de medo e solidão.

 

Só, procuro na luz do sol vida.

Eu preciso dessa luz, um unguento.

Ver estrelas no céu, o firmamento.

Náufrago da ilusão, alma combalida.

 

Sinto no peito um abismo abissal.

Navego sem norte nem direção.

Um cíclico viver sem comunhão.

Questiono a razão da vida afinal.

 

Um barco quebra as ondas, bem gentil.

Pescador pede bênção a Yemanjá.

Crer que é doce, viver e morrer no mar.

Observo, acalento e aprecio.