De corda bamba é a vida, e até me esqueço
De tão sutil perigo, quando eu passo
De segundo em segundo, sem o apreço
Do fatal que me é um erro crasso.
Balança a mais a corda se adoeço,
Ou se mal me equilibro com o que faço
Na corda sobre o abismo em que aconteço:
Abismo de uma vida que transpasso.
Não sei como cheguei aqui tão ágil,
Sabendo de mim próprio como frágil,
Mas vou seguindo nela mesmo assim.
Tenho um fado que é o termo do meu trecho,
Mas levo junto a mim tanto apetrecho
Não sei se me equilibro até o fim.