Henking

SONETO DA ARRITMIA

Palpitas, coração descompassado,

Pelo direito de veres perdido

O ritmo de te haverem conformado

Ante a inclemente cadência do mundo

 

Após esse tanto de si esquecido

Após tamanha sujeição ao imundo

Há de teres coragem para a métrica

Do tom que te reavivas fecundo?

 

Busca naquela inventada retórica

Porquês de tua grave contração

E amplifica-te além da horda apressada

 

Assim, não só pararás no perdão

Pois faz-se em ti o início de toda estrada

E és o fim para o qual nasces chão.