O Pierrot apartado
da festa, chora abafado
Sua Colombina dançou.
Não a dança da alegria.
Não usava fantasia,
sua máscara ele tirou.
Antes foi pra lhe beijar.
Hoje lhe faltou até o ar.
Morreu a musa do Pierrot.
Tirou sua indumentária.
Vestiu negra mortalha.
A Colombina o deixou.
Não ouviu sua marchinha.
Uma penosa lagriminha,
no seu rosto triste rolou.
O bloco canta agonia,
uma triste melodia.
Marcha fúnebre com tambor.
Colorido Carnaval,
de outrora, fenomenal.
Hoje só uma lembrança.
A cor da vez é o preto.
De luto, em favela e gueto.
Sem Escola, Trio ou dança.
O enredo é a tristeza.
Por maldade da realeza.
Que nos salões comemorou.
O povo bem desolado.
Anda e chora ao seu lado.
Consolando o Pierrot.
O bloco da vacina,
o Rei Momo em triste sina,
não quis logo organizar.
Burlesco ele desdenhou,
fez piada, até receitou,
remédios para enganar.
Outros carnavais virão.
Eu lhe pergunto meu irmão
Qual será a sua fantasia?
A mesma de palhaço?
Essa já está um bagaço.
Ou vai fazer romaria?
Minha Escola e seu lamento:
UNIDOS DO SOFRIMENTO.
Sua história vou contar.
Não podemos esquecer.
Ver tanta gente morrer.
Ou tudo vai continuar.
Coloque o bloco na rua.
Essa festa já foi sua.
Expulsem esses caretas.
A praça é nossa, do povo.
Lute, cante e ria de novo.
Sejam pessoas porretas.