Perdoe-me a ausência enquanto ignoro...
Não ignore que a densidade me entorpece
Não presuma que eu tenha sentido seu afeto
Seja evidente em seu olhar, seja certo
Como um toque de dedos no ombro
A me abordar distraído...
Que seu olhar seja a carícia a me deslizar contornos
Seja já o abraço acalorado afetuoso
Seja um escândalo
A sussurrar-me aos ouvidos...
Que seu olhar seja seus braços e mãos a me tomarem o corpo
Para sentir meu gosto
E, sem distância, sentir o aceno do meu calor ofegante
Sem luz, sem olhar...
Ausente a luz, tateia-me a emoção...
Lance seu olhar magnético, se ainda distante
E em carícias me tange...
Carente luminar, ou fugaz lonjura do coração...
Encontra-me então em meu descompasso, no abraço
Sem o tempo... Sem o espaço...
Sem qualquer dimensão que linda a beleza da plenitude...
Fulgor de um pensamento intenso de amar
Que faz do firmamento um quintal de brincadeira
No universo faz-me onipresente companhia...
Perdoe-me a ausência enquanto ignoro...
Não ignore que a densidade me entorpece