Sentada no banco da praça, ainda uma menina
Alegre esperava-me passar para dizer bom dia
Observava seu semblante como a me pedir ajuda
Sem nenhuma vaidade, pés descalços da mocinha.
Num gesto delicado deu-me a flor que ela trazia
Com sua voz meio embargada disse bem baixinho
Trouxe do jardim de casa, é sua, com todo carinho
Sorte ela vai dar-te para ser rico e ter a quem amar!
Agradeci, peguei a flor, dei-lhe um sorriso e caminhei
Acadêmico que era com futuro pela frente, desacreditei
Mesmo sendo linda e carinhosa não podia me envolver
Menina humilde sem finesse, sonhadora, pura fantasia
O tempo passou avidamente e com ele a riqueza veio
Doutor possuidor de latifúndios, excelência em seu viver
Assediado pelas mais ricas e as mais belas das donzelas
Intrigado! Ainda faltara o amor do talismã da flor da sorte.
Num livro de poesia do Neruda em meio às páginas: A flor!
Versos amorosos junto da flor seca remeteu-lhe ao passado
Indagou:\"Onde andará menina linda e carinhosa que me dera flor?\"
Anelo encontrá-la! Transformar essa flor seca em nosso amor!
Com essa mulher posso ser feliz, e realizar seu sonho de menina
Quero colocar-lhe uma jóia em seu pescoço, ve-la linda, agrada-la
Vesti-la de longo com a mais pura seda vermelha, ir ao baile dançar
Cruzar os céus com a beleza dela ao meu lado, viajar, namorar, amar.
Talismã da flor da sorte da menina escreveu, previu a obra do destino
Eis que numa tarde caminhando pela rua, uma linda mulher o abordou
Dizendo-lhe_\"Bom dia!: O senhor quer comprar flores para sua namorada?\"
Impactado ao ouvir aquela voz meio embargada de tom bem baixo, perguntou-lhe!
Flores? De onde você às traz? Respondeu a linda mulher: Do jardim da minha casa.
: por Claudio Reis>>>10/04/2015