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Claudio Reis

O TALISMÃ DO AMOR

Sentada no banco da praça, ainda uma menina

Alegre esperava-me passar para dizer bom dia

Observava seu semblante como a me pedir ajuda

Sem nenhuma vaidade, pés descalços da mocinha.

 

Num gesto delicado deu-me a flor que ela trazia

Com sua voz meio embargada disse bem baixinho

Trouxe do jardim de casa, é sua, com todo carinho

Sorte ela vai dar-te para ser rico e ter a quem amar!

               

Agradeci, peguei a flor, dei-lhe um sorriso e caminhei

Acadêmico que era com futuro pela frente, desacreditei

Mesmo sendo linda e carinhosa não podia me envolver

Menina humilde sem finesse, sonhadora, pura fantasia

 

O tempo passou avidamente e com ele a riqueza veio

Doutor possuidor de latifúndios, excelência em seu viver

Assediado pelas mais ricas e as mais belas das donzelas

Intrigado! Ainda faltara o amor do talismã da flor da sorte.

 

Num livro de poesia do Neruda em meio às páginas: A flor!

Versos amorosos junto da flor seca remeteu-lhe ao passado

Indagou:\"Onde andará menina linda e carinhosa que me dera flor?\"

Anelo encontrá-la! Transformar essa flor seca em nosso amor!

 

Com essa mulher posso ser feliz, e realizar seu sonho de menina

Quero colocar-lhe uma jóia em seu pescoço, ve-la linda, agrada-la

Vesti-la de longo com a mais pura seda vermelha, ir ao baile dançar

Cruzar os céus com a beleza dela ao meu lado, viajar, namorar, amar.

 

Talismã da flor da sorte da menina escreveu, previu a obra do destino

Eis que numa tarde caminhando pela rua, uma linda mulher o abordou

Dizendo-lhe_\"Bom dia!: O senhor quer comprar flores para sua namorada?\"

Impactado ao ouvir aquela voz meio embargada de tom bem baixo, perguntou-lhe!

Flores? De onde você às traz? Respondeu a linda mulher: Do jardim da minha casa.

 

: por Claudio Reis>>>10/04/2015