Claudio Reis

NO CAFÈ DA TARDE ENXERGUEI

Como sempre fora, no meio da tarde um café

A espera do elevador sempre gera expectativa

Semblantes diferentes surgem em meio a nós

Sobem e descem frenéticos em busca de algo.

 

Avançam no tempo ilusório, querem crescer

Ternos azuis marinho são mais elegantes neles

Dizem as moças disputando suas grifes famosas

Os olhares se cruzam, mas ninguém se enxerga.

 

O relógio de ouro no pulso do homem grisalho

Chama atenção, ostenta luxo, exibe, querem ver

Nessa competição desenfreada a descida termina

Pisamos logo no térreo para o café da tarde beber.

 

A garçonete de olhos bem verdes logo traz o cardápio

Mal sabe ela! A bolsa que a loira sentada ao lado tem

Custa o equivalente ao seu salario de um ano inteiro

Contraste aberrante formando pseudo padrão social.

 

Muitos com pouco, poucos com muito. O eu primeiro!

No café da tarde renovam-se as energias, desanuvias

Pausa merecida ante estresse, relaxar, também poder ver

O nível de “Ser” das pessoas, seus ritmos. O vai e vem!

 

Sociedade bestializada descortinando riqueza e poder

Esqueceram-se que na vida não se tem certeza de nada

Endinheirados acreditam comprarem saúde, sanarem a dor

Cheios de orgulho, desprezam os pobres, suas humildades

Ignorantes que são fingem felicidade! Não sabem nada de amor.