Por tantas vezes eu quis gritar, livrar o meu peito da agonia, de uma dor inesperada, da apatia, mas convertidas em lágrimas restaram palavras vazias, palavras sem significado, sem mensagem ou recado, apenas murmúrios de mim.
Palavras vazias eu proferi, sem cor, sem amor, palavras que eu mesmo não entendi, apenas um lamento. Tantas vezes eu reprimi meus sentimentos, tantas dores, pudores, sei lá, às vezes causei dissabores, quando me calei, quando não gritei, quando num silêncio profundo eu me transformei.
Palavras que engoli por receio, frases inteiras ou frases rasgadas ao meio, apenas um som sem sentido, sem significado, palavras de um peito ferido. Quantas mágoas vertidas em lágrimas, quantas noites, verdadeiros açoites na alma, madrugadas vazias, em silêncio, apenas o soluço ecoando na escuridão, palavras quebradas e jogadas ao chão.
Quantas palavras guarda o silêncio? Quantas mensagens perdidas no vácuo, no vazio de um sentimento, em que momento o grito é maior que a dor?
Infelizmente eu não sei responder, eu quero apenas o silêncio vencer, gritar, proferir palavras (aos) entes, palavras ausentes, frases latentes com maestria, para que um dia, mesmo que numa folha fria, as palavras (aos) entes que eu não soube dizer, se transformem em poesias e confortem corações, mesmo de quem não soube ler.
Jose Fernando Pinto