Marçal de Oliveira Huoya

Fração

Ninguém imagina
Se dividir ao meio
Metade vontade
Metade receio
Um passo pensado
Para outro estabanado 
Ninguém sabe, ninguém sabe
O desejo de seguir 
Com a ideia de voltar
Estando por aqui 
E estando em outro lugar
Ninguém sabe, ninguém sabe
Necessidade de ser dois 
Vivendo o agora
Pensando no depois 
Ficar e ir embora 
Ninguém sabe, ninguém sabe
Ser singular sendo plural
Infinitivo do verbo amar
Intensamente parcial
Presente querendo se ausentar 
Ninguém sabe, ninguém sabe 
E se alguém soubesse 
Se apenaria do poeta 
Teias que o destino tece
Pleno numa vida incompleta
Refém do que possa acontecer 
Mas ninguém sabe,

Ninguém sabe
Ninguém nunca vai saber...