Ela entrou
Com tudo paralisado ao redor
Era estrela
Estava Sol
Como se um diretor invisível
Tivesse criado um mundo
Se isso fosse possível
Para ela só
Caminhou impassível
Ignorando o ambiente
Leve e determinada
Pairando suavemente
Gravidade nenhuma
Flutuando plena
Como pluma, como pena
Em meio a uma imaginária bruma
Roubando a cena
Mais bela que o luar
Mais toda que o lugar
Beleza que encanta
E que envenena
Um coração que quis chorar
Ferido por aquele olhar
Frêmitos em gotas
Sensação mais louca
Sonho em movimento
Lentificando os batimentos
Soluçando por dentro
Olhares elementais
Tudo parado no tempo
Ébrio de seu aroma
Toda razão em coma
Linda, linda, demais
Tudo em mim paralisado
Bobo e apaixonado
Tudo agitado, e em paz
A coisa mais bonita que já vi
E talvez não veja nunca mais
Então meu corpo todo
Agora ironicamente ri
Pranteando o beijo que não sofri
Ah, os amores desiguais!