Jose Fernando Pinto

Chuva e silĂȘncios

Hoje eu me perdi no barulho da chuva. Enquanto a chuva caía, molhava o chão e a paisagem, no silêncio eu me perdia. A chuva trouxe alívio ao calor, o silêncio acalento à minha dor. A dor do passado, a dor do presente, adormecida, entorpecida, por vezes demente.


A chuva tão perto dos olhos, a dor impregnada no peito, alma silente, corpo presente, mas distante de tudo. O barulho da chuva no telhado, o chão molhado, e eu perdido em pensamentos. Outrora, a loucura empurraria para a chuva, para a vida, para o mundo, hoje é o silêncio quem controla quem assombra e isola, e cada dia vai mais fundo.


As feridas que trago na alma, nem a chuva ou o silêncio podem curar, talvez o tempo, talvez a noite ou talvez a única cura seja esperar. Esperar a dor, esperar sangrar, esperar pela chuva que molha o mundo, esperar o silêncio gritar.


Eu vejo a chuva sem piedade, que lava e leva o que vier pela frente, eu ouço gritos insuportáveis, gritos de dor, de desamor, desesperança de um amor ausente. Chuva que não tem fim são os silêncios em volta de mim!

 

Jose Fernando Pinto