Chico Lino

ADEUS ÀS ELISÕES

ADEUS ÀS ELISÕES
Chico Lino

Os medos que temos na infância
Não os perdemos ao crescer
Aprendemos a conviver

Olhar do décimo andar
Ruas vazias, assustam como velhos fantasmas

Tomadas de carros e transeuntes
São outros os temores

Tenebrosas sombras
Noites e pesadelos iluminados a lampiões

Inexplicáveis sons no Rio Doce nas cheias da minha infância

Assustadora estridência dos apitos das locomotivas da Vale

Não havia ruas, somente o calor das pedras
Dormentes e a dureza do aço
Contrastava com o frio jorrar do rio

Beleza das flores e florestas

Pela ótica religiosa
Sabia de Deus e do diabo
Anjos e demônios
Guerra e paz

Pobre do tempo
Seu único intento
É passar

Paranóia
              Pare
Medo
              Fuzil
Ninguém
              Viu
Quando
              Ivo
Viu
              Uva
Viu

Adeus às elisões

\"Extra\", pensamos, existe ou existirá
\"Uma Odisséia no Espaço\"
O \"Admirável Mundo Novo\"
Muito além de \"1984\"

Serão os humanos, os desidratados ETs de Varginha, olhos enormes de daqui a não sei quantos anos?

Habitarão entre nós porque criamos
Em nosso mais íntimo desejo

Que pesadelo vivemos

Não vou prescindir hoje essa janela
Devo primeiro sonhar
Um mundo bem melhor
Para muito além dessas ruas