Acordei sem inspiração
O vazio me completa
Procuro palavras em vão
E a poesia se dispersa.
Por mais que tento
Nada vem
Procuro dentro
Nada tem!
Desencontro desesperado
Preciso me encontrar
Tento sonhar acordado
Não consigo me achar.
Desprovido da palavra
Cada linha espera um verso
A caneta o papel lavra
E as estrofes ficam sem nexo.
A música ficou sem letra
E a melodia virou barulho
Lancei de atiradeira
Bem acima do mangrulho...
Meu orgulho de poeta
Equilibrado sobre o muro
Tocando como sineta
Lembrando-me do perjuro.
Eu jurei para poesia
Nunca me envolver com a dor
Escrever sempre todo dia
Somente versos de amor.
Não cumpri o juramento
Desde quando ela se foi
Sumindo no firmamento
Ficando um o que era dois.
Dormiu e ainda dorme
Ela nunca que acordou
Meu coração ficou disforme
E só a prosa me sobrou.