Foi nessa terra árida,
Em meio a vegetação sêca,
Em meio a frutas,
Podres, maduras e pêcas,
Chupou a fruta mais suculenta,
Para uma boca ávida e sedenta,
Polpa macia, polpa molhada,
Tenra, rósea, acinzentada,
Bicadas ora suaves, ora violentas,
Espantando as aves barulhentas,
Um sabor meio doce,
Meio avinagrado,
E ele ali concentrado,
Sorvendo a seiva e o sumo,
De sucos selecionados,
Degustando em meio a viagem,
Sem rumo, de olhos fechados,
Mil línguas e mil paladares,
Mil contrações musculares,
Na mais divertida massagem,
Uma sugadinha de leve,
Uma lambidinha que ferve,
Um olhar acima do horizonte,
Admirando a indescritível paisagem,
Um suspiro acima do monte,
Avaliando sua aprendizagem,
A árvore de onde veio a fruta,
Sacode, treme as suas folhagens,
Parece que dói, parece que luta,
O resto de tudo é bobagem,
Capricha na gula,
Sem dó e sem culpa,
Agora é sensação de chuva,
Em meio a estiagem...