Claudio Reis

SAUDADE NUM COPO FRIO E GELADO

Aquele vestido vermelho tinha a cor de seus lábios

Brilhavam seus olhos como as de jovens meninas

Desvairada no salão dançava vistosa parecia rainha

Num corpo esguio e sedutor, esbanjava beleza, ilusão.

 

Com imaginário fértil, a magia de Eros detinha o cenário

Parecia insinuar-se o tempo todo aos meus olhos vidrados

Que junto da minha boca a mordia toda, dos pés a cabeça

Vem para o meu lado dama da noite, vem! Se mostre bonita!

 

Quando de repente, como a lua se esconde atrás das nuvens

O imaginário cedeu ao real e, em meus braços a tinha mulher

Ah! Lindo sorriso em seus lábios carnudos levou-me aos céus!

Saltou das estrelas, veio pra mim, fez minha boca ficar carmim.

 

Seguiram-se anos sem imaginação, era real, dentro do coração

Dias e noites a dançarmos loucamente nos salões da vida

Enamorados em desejos infindos, tesos, entorpecidos de amor

Assim foi enquanto durou, a dama de vermelho se foi, acabou.

 

Coração partiu se fechou, o cenário do baile de Eros findou!

Depois do drink me despirei da angústia que a saudade traz

Quebro esse copo frio e gelado de tanto aguardar essa amante

Que hoje bebe nos bailes da vida e nada mais tem a me dar. Jáz!